Estão espalhados um pouco por todo o mundo e são
a maior prova do legado dos Descobrimentos, quando
os portugueses
partiram para terras distantes em
busca de glória
e riqueza.
A grande maioria deles ainda fala crioulo de origem
portuguesa e ainda mantém vivas algumas tradições
dos seus
antepassados. É comum, em muitos locais,
ainda cantarem
em português e a religião católica é
outro factor que os une.
Existem muitas tribos e povos que descendem dos
portugueses, desde a América até à Ásia. Alguns
estão a desaparecer, outros ainda conseguem manter
viva a chama dos seus ancestrais e o amor por Portugal
Descubra 7
tribos descendentes dos portugueses.
Lamno (Indonésia)
Os portugueses foram os primeiros europeus a chegar
à Indonésia, no início do século XVI
e, apesar de
terem-se estabelecido sobretudo na
região oriental do
país, alimentaram o sonho de controlar o comércio da
pimenta desde a zona estratégica do Norte da Samatra
até ao mercado chinês.
Os portugueses da província indonésia de Aceh,
conhecidos localmente como “olhos azuis”, estão em
risco de se
extinguirem desde que o tsunami de 2004
reduziu a
comunidade de centenas de pessoas a
menos de uma
dezena.
Antes do tsunami, a comunidade teria talvez cerca
de 500 pessoas, enquanto que agora é difícil apontar
um número, porque a região conta com
descendentes
de outros europeus e árabes.
Bayingyis (Birmânia)
A hegemonia portuguesa
no Índico e no Pacífico durou
perto de um século e seria profundamente
abalada
com a chegada dos
holandeses àqueles mares.
Com a substituição da dominação portuguesa pela
holandesa – permanecendo nas terras que as viram
nascer;
deportados para outras paragens; ou forçados
à emigração –
as cristandades mestiças euro-asiáticas
do Oriente
talharam a identidade coletiva de cada uma
que perdurou
até aos nossos dias e que assenta em
dois pilares
principais: a religião católica e a língua
crioula.
Entre essas comunidades destaca-se a dos
descendentes dos muitos soldados
portugueses que
a época de Seiscentos lutaram ao lado dos soberanos
de Ava e do Pegu, reinos da
antiga Birmânia, ou que
faziam parte do pequeno exército de Filipe de Brito,
ou do seu companheiro de armas Salvador Ribeiro
de Sousa, senhores feudais em terras do Oriente,
ambos empossados com o título de ‘rei do Pegu’,
e que são hoje conhecidos em Myanmar (atual
Birmânia) como os ‘bayingyis’.
Ziguinchor (Senegal)
pelos portugueses em 1645, na margem sul do rio
Casamansa. Segundo a tradição, o seu nome deriva
da expressão em língua portuguesa “cheguei e choram”
uma vez que os nativos pensavam que
os europeus
os vinham escravizar.
Subordinada à capitania de Cacheu, o seu objetivo era
o comércio com
o reino de Casamansa, um fiel aliado
na região,
descrito pelos cronistas coevos como o reino
mais amigo dos
portugueses ao longo da costa da
Guiné.
Nos censos de 1963, dos 42.000 habitantes de
Ziguinchor, 35.000, falavam o crioulo (83%), e 30.000
tenham o crioulo como língua materna (71,4%).
no português
que é considerado um dialeto do crioulo
da Guiné-Bissau falado principalmente na região de
Casamansa no Senegal e também na Gâmbia.
Kristang (Malásia)
Os portugueses chegaram há quinhentos anos a
Malaca. A diáspora lusitana subsiste, com inusitado
fulgor e entusiasmo, num pequeno
bairro piscatório
malaio, onde se luta pela manutenção da cultura
portuguesa. Hoje e sempre.
Em Malaca (Melaka, i.e., “O Estado Histórico”),
o
terceiro mais pequeno Estado da Malásia, existe um
povo conhecido
por Kristang (“cristão”), que
descende
dos portugueses
e que sobrevive desde o século XVI
como uma pequena comunidade de cerca de 5000
pessoas.
A numerosa colónia luso-descendente não abdicou
da identidade cultural. Meio milénio após a chegada
lusa e 370 anos após a sua partida,
todos continuam
a afirmar-se, orgulhosamente,
portugueses, sem nunca
terem pisado solo nacional. A
cultura popular
portuguesa transmite-se de pais para filhos, por via oral.
Contam-se histórias, ensinam-se costumes e tradições,
transmite-se «o
portugis antigo», que falavam os
primeiros colonos, corrompido por séculos de
transmissão oral sem um único registo escrito ou
resquício de
ensino oficial.
Burghers (Sri
Lanka)
Burgher é o nome pelo qual são conhecidos os
descendentes de portugueses e holandeses no
étnico do Sri
Lanka descendentes de cingaleses
e portugueses, católicos e falantes do indo-português
do Ceilão, uma linguagem crioula de origem
portuguesa.
Os Burghers portugueses são maioritariamente
descendentes de mestiços de origem portuguesa
e cingalesa, geralmente pai português e mãe
cingalesa ou mãe descendente de portugueses com
pai cingalês. A
sua origem remonta à chegada dos
portugueses,
após a descoberta do caminho marítimo
para a Índia, em 1505.
Quando os holandeses tomaram as costas do Sri
Lanka em 1656, antigo Ceilão Português, os
descendentes
dos portugueses refugiaram-se nas
montanhas
centrais do reino Kandyan, sob domínio
cingalês.
Com o tempo descendentes de portugueses e holandeses
casaram entre si. Embora a língua portuguesa tivesse
sido banida sob o domínio holandês, estava tão
difundida
como língua franca do índico que até os holandeses a
falavam. No Censo de 1981 os Burghers (holandeses
e portugueses) contavam cerca de 40.000 (0,3% da´
população total
do Sri lanka).
Numerosos apelidos de origem portuguesa permanecem
até hoje, como
Perera, Pereira, Abreu, Salgado,
Fonseca, Fernando, Rodrigo e Silva que se tornaram
parte da
cultura do Sri Lanka.
Korlai (India)
Korlai é uma aldeia que
fica perto das ruínas da
antiga cidade fortaleza de Chaul construída pelos
portugueses no séc. XVI, em 1534.
Chaul foi uma
das cidades mais importantes e estratégias do
Império Português do Oriente, de tal forma que era
uma cidade bem apetecida para os
adversários d
os portugueses.
Os portugueses começaram a frequentar aquelas
águas a partir de 1501, com o apoio do potentado
local que se fizera vassalo do rei de Portugal para
se livrar da
influência do Samorim de Calecut.
A povoação conta com cerca de 900 falantes, no
entanto encontra-se ainda por estudar, pois ainda
não há nenhum estudo sobre a língua ou sobre os
costumes deste povo.
A descendência de Korlai resulta da presença de
soldados
Portugueses que se casaram com as nativas,
bem como um
pequeno grupo de mulheres de Goa
que se casaram
com portugueses. Os seus
costumes e
tradições indicam essa origem e incluem
a religião cristã, a celebração de diversas
festividades
e até músicas
populares.
Tugu (indonésia)
Não é fácil chegar a Tugu, a nordeste de Jacarta,
capital da Indonésia. Mesmo ao
fim-de-semana,
o trânsito que liga à aldeia é caótico, devido à
proximidade do porto de Tanjung
Priok, o
principal do país, com cerca de 430
hectares..
Apesar dos inúmeros camiões que entopem a
estrada principal, sente-se uma
tranquilidade ao
chegar a Tugu, um ex-líbris de Portugal. Junto ao
cemitério e à igreja branca datada
do século XVII,
há um espaço aberto e arvoredo que
lembra o
centro de algumas aldeias
portuguesas, até pelos
idosos que por ali vão deixando cair
o tempo.
Os ancestrais dos tugu estão ligados aos escravos
dos portugueses na Índia que foram
levados para a
Batávia, antiga Jacarta, por holandeses.
Ainda no século XVII, após o fim do império colonial
português no
Sudeste Asiático, chegaram àquela zona
comerciantes,
artesãos e aventureiros oriundos de
Malaca, Ceilão,
Cochim e Calecute. O cruzamento
entre os dois grupos fez nascer os chamados
“Portugueses Negros”, que tinham em comum a língua
portuguesa e a
religião cristã.