sábado, 4 de setembro de 2010

Carta de uma Mãe para outra Mãe

Cara Senhora.
Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de
televisão contra a transferência do seu filho, presidiário, das
dependências da prisão de Custóias (Porto) para outra dependência
prisional Alcoentre (Lisboa).
Vi-a a queixar-se da distância que agora a separa do seu querido
filho, das dificuldades e das despesas que vai passar a ter para
o visitar, bem como de outros inconvenientes decorrentes dessa
mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os jornalistas e repórteres deram
a este facto lamentando essa dita transferência. Assim como vi que
não só a senhora, mas também outras mães na mesma situação, que
contam com o apoio de Comissões,Órgãos e Entidades de Defesa de
Direitos Humanos, etc...
Eu também sou mãe e posso compreender o seu protesto. Quero com
ele fazer coro, porque, como verá, também é enorme a distância
que me separa do meu filho.
Também sou pobre, trabalho e a ganho pouco, tenho as mesmas
dificuldades e despesas para o visitar.
Com muito sacrifício, só o posso fazer aos domingos porque
trabalho (inclusivé aos sábados) para auxiliar no sustento e
educação do resto da minha família.
Se você ainda não percebeu. Eu sou a mãe daquele jovem que o
seu filho matou cruelmente num assalto que a uma bomba de
combustível,onde meu filho, trabalhava durante a noite para
pagar os estudos e ajudar a família.
No próximo domingo, enquando você estiver a abraçar e beijar
o seu filho, eu estarei a visitar o meu e a depositar algumas
flores na sua humilde campa!...
Ah! Já me ia esquecia: pode ficar tranquila ao seu filho não
lhe faltará nada na prisão, que o Estado encarregar-se-à de
tirar parte do meu magro salário para custear as despesas do
seu filho: o sustento na prisão, um novo colchão que ele queimou,
pela segunda vez, na cadeia onde se encontrava a cumprir pena,
por ter sido um ladrão e um grande criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, nunca apareceu um representante
dessas "Entidades" que tanto a confortam, para me dar uma só
palavra de conforto ou indicar-me quais "os meus direitos".
Perante casos tão paradoxos como este,não posso deixar de
publicar no meu blogue a essência do conteúdo da dita carta.
A democracia e excesso de liberdade dão azo a que haja esta
inversão de valores que assola Portugal e todos os países
ocidentalizados. Em regimes ditatoriais e teocráticos estes
casos não são admissìveis!
Os Direitos Humanos só deveriam ser para quem respeita os
"humanos direitos" !!!

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