Tenho cinco irmãos e todos fizemos o serviço militar
obrigatório. Só eu, de todos ascendentes e outros
parentes, que eu
saiba, por uma questão
de melhor
emprego época,decidi segui a carreira militar, da qual
estou
reformado.
Muitos anos depois convivi muito de perto com
centenas
de
militares dos três ramos das F. Armadas quer em
África (durante 13 anos de guerra) e em Portugal.
Durante
trinta e quatro que estive na Marinha. Aí, pude
testemunhar as qualidades de carácter, honra,
palavra,
coragem e
espírito de serviço das nossas Forças
Armadas.
Não digo isto por favor; digo-o por justiça. Os
militares
são, sem
dúvida, “boa moeda” que o país não aprecia
devidamente e que os políticos respeitam
com um
indisfarçável enfado do dever de ofício.
Às vezes esquecem que as Forças Armadas são a
garantia da soberania de qualquer Estado! Para
além
da segurança e defesa do território e dos
cidadãos e
da
cooperação em contingentes internacionais
humanitários e de paz. Onde têm recolhido grandes
elogios unânimes pela elevada qualidade do seu
trabalho,
desempenham outras missões insubstituíveis no
apoio às
populações, em busca e salvamento, evacuações
médicas,
transporte de órgãos para transplante, combate
a
incêndios e auxílio em catástrofes naturais. E ainda outras
missões
interesse público, não relacionadas com a defesa.
Também esquecem, muitas vezes, a singularidade da
condição militar. Quem mais de nós está obrigado,
moralmente, por juramento diante da bandeira
nacional,
e juridicamente, por imposição legal expressa, a
sacrificar
a própria
vida pelo País? Em todas as funções são
exigidos
sacrifícios, mas uma pessoa vincular-se ao deve
jurídico
de dar a vida pelos outros não tem paralelo! Isto
não é teoria nem conversa. Há neste momento
centenas
de homens e mulheres destacados em missões
internacionais, várias delas em palcos de elevado
risco,
como no Afeganistão, Iraque e República Centro-
Africana.
Os nossos militares entram muitas vezes em acções de
combate armado.
Desde 1991
destacámos 36.363 militares nessas
missões
internacionais e tivemos 20 mortes em serviço
(17 das
Forças Armadas e três da GNR). Ainda
recentemente,
um jovem soldado, de 23 anos de idade, perdeu as
duas
pernas na República Centro-Africana, numa
missão de transporte logístico.
Isto para nem falar das sequelas psicológicas com
que muitos regressam às famílias. Segundo o
estudo
As
Consequências a Nível da Saúde Psicológica da
Participação nas Guerras
de África, do Afeganistão e
Iraque, Kosovo, etc.
Recentemente, o Presidente da República chamou a
atenção para a necessidade de aumentar as
remunerações nas Forças Armadas. Nisso tem razão.
E há mais coisas que precisam ser vistas. Como
alertou o chefe de Estado-Maior General das
Forças
Armadas,
os recursos humanos necessários para
assegurar
as missões estão numa situação
insustentável.
Falta pessoal na Marinha no Exercito e Força
Aérea.
É o ponto fulcral:
Exigem muito, a quem dá
tudo e em troca de
pouco!
O carácter de uma nação vê-se
como trata os
seus
seus combatentes. Os militares morrem mais
cedo quando a Pátria se esquece deles!
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