quinta-feira, 6 de agosto de 2020

Soneto sobre Rafael


            Sou homem polidoente, tomo remédio,
            Para a doença física, e para o intelecto?
            Mas é difícil encontrar  fármaco  certo,
            Estar na base do  saber causa me tédio.
      

            Por plutas causas a patogenia me fez fragil
            Fui muito limitado no meu exíguo talento,
            Assim fiquei  no rés-do-chão do conhecimento,
            Não pude subir mais alto, ser ativo e  ágil.
           

            Eliminar as patologias do escasso saber,
            Não há  fármacos que me façam efeito,
            Quando  provêm das condições do  nascer.

            Se meu desejo de ir além fosse permitido
            E não me alargar por excesso nem defeito,                  
           A minha vida teria outro melhor sentido.





O avental da minha avó

O primeiro fim do avental da avó foi proteger a roupa de baixo.
Depois... serviu como luva para tirar a panela do fogão...
Foi maravilhoso para secar as lágrimas dos netos e também para limpar
as suas caras sujas.
Do galinheiro, o avental foi usado para transportar os ovos e, às
vezes, os pintainhos.
Quando os visitantes chegavam, o avental servia para proteger as
crianças tímidas.
Quando fazia frio, à avó servia de agasalho.
Esse velho avental era um fole agitado, para avivar o lume da lareira.
Era nele que levava as batatas e a madeira seca para a cozinha.
Da horta, servia como um cesto para muitos legumes, depois de
apanhadas as ervilhas, era a vez de arrecadar nabos e couves.
E, pela chegada do Outono, usava-o para apanhar as maçãs caídas.
Quando os visitantes apareciam, inesperadamente, era surpreendente ver
quão rápido esse velho avental podia limpar o pó.
Quando era a hora da refeição, da varanda, a avó sacudia o avental e
os homens, a trabalhar no campo, sabiam, imediatamente, que  tinham
que ir para a mesa.
A avó também o usou para tirar a tarte de maçã do forno e colocá-la na
janela para arrefecer.
Passarão muitos anos, até que alguma outra invenção ou objeto possa
substituir esse velho avental da minha Avó

Foto de grupo

Todas as crianças tinham ficado na fotografia e a professora

estava a tentar convencê-los a comprar uma cópia da foto do

 grupo.
- 'Imaginem que bonito será quando vocês forem grandes e
todos digam
«ali está a Catarina, é advogada,» ou também «este é o
Miguel. Agora é médico»'.
Ouviu-se uma vozinha vinda do fundo da sala:
- 'E ali está a professora! Que Já morreu'

Conversa entre mãe e filha pequena

Um dia, uma menina estava sentada na cozinha observando

a mãe a lavar os pratos, e de repente percebeu que a mãe
 tinha vários cabelos brancos sobressaindo entre a sua
cabeleira escura.
 Olhou para a mãe e perguntou:
 - 'Por que é que tens tantos cabelos brancos, mamã?'

 A mãe respondeu:

 - 'Bom, cada vez que te portas mal e me fazes chorar ou
 ficar triste,um dos meus cabelos fica branco'.
 A menina digeriu esta revelação por alguns instantes e
 disse de imediato:
 - 'Mãe, por que é que todos os cabelos da avó estão brancos? '