A última Aula de um Grande Professor
que desistiu de dar aulas a péssimos
alunos.
Leonardo
Haberkorn, jornalista e
escritor, era
professor numa
universidade de
Montevideo.
Corre na
internet um artigo seu
publicado em
papel, em 2015, com
o título
"Me cansé... me rindo...",
onde declara ter deixado o ensino,
que antes o
apaixonava, e explica
porquê.
Tomámos a
liberdade de o traduzir,
pois, por certo, ele tocará muitos
professores e directores de escolas
portuguesas. Desejável é que tocasse
instâncias superiores e, de modo
mais
alargado, a sociedade.
"Depois
de muitos e muitos anos, hoje
dei a última aula na Universidade.
Cansei-me
de lutar contra os telemóveis,
contra o whatsapp e contra o facebook.
Ganharam-me.
Rendo-me.
Atiro a toalha ao chão.
Cansei-me
de falar de assuntos que me
Apaixonam perante jovens que não
conseguem desviar a vista do telemóvel
que não
pára de receber selfies.
Claro que
nem todos são assim.
Mas cada
vez são mais.
Até há
três ou quatro anos a advertência
para deixar o telemóvel de lado durante
90
minutos,ainda que fosse só para não
serem mal-educados, ainda tinha algum
efeito.
Agora
não. Pode ser que seja eu, que me
desgastei demasiado no combate. Ou que
esteja a fazer algo mal.
Mas há
algo certo: muitos desses jovens não
têm consciência do efeito ofensivo e doloroso
do que fazem. Além disso, cada vez é mais
difícil
explicar
como funciona o jornalismo a pessoas
que o não
consomem nem veem sentido em
estar
informadas.
Só uma
estudante entre 20 conseguiu explicar
o básico de um conflito. O muito básico. O
resto
não fazia a mais pequena ideia. Perguntei-lhes
(...) o
que se passa na Síria? Silêncio. Que
partidos há nos USA na Rússia quem ganhou
as
eleições nos USA, na Rússia, França,
Alemanha, Inglaterra,
etc. E quem eram os
Seguintes escritores de fama mundial:
Cervantes,
Vitor Hugo, Camões, Vargas Llosa,
Willian
Shakespeare, etc.
Alnos estão
tão desinformadas para exercerem
Qualquer profissão é complicado.
É como
ensinar botânica a alguém que vem
de um
planeta onde não existem vegetais.
Num
exercício em que deviam sair para
procurar uma notícia na rua, uma estudante
regressou com a notícia de que se vendiam,
ainda, jornais e revista na rua.
Chega um momento
em que ser jornalista é
colocar-se na posição do contra. Porque está
treinado a pôr-se no lugar do outro, cultiva
a empatia
como ferramenta básica de trabalho.
E então
vê que estes jovens, que continuam a
ter
inteligência, simpatia e afabilidade, foram
enganados, a culpa não é só deles. Que a
incultura, o desinteresse e a alienação não
nasceram
com eles.
Que lhes
foram matando a curiosidade e que,
com cada
professor que deixou de lhes corrigir
as faltas
de ortografia, os ensinaram que tudo
é mais ou menos o mesmo. Então, quando
compreendemos
que eles também são vítimas,
quase sem darmos conta vamos baixando a
guarda.
E o mau é
aprovado como medíocre e o
medíocre
passa por bom, e o bom, as poucas
vezes que acontece, celebra-se como se fosse
brilhante. Não quero fazer parte deste círculo
perverso. Nunca fui assim e não serei assim.
O que
faço sempre fiz questão de o fazer bem.
O melhor possível. E não suporto o
desinteresse
face a
cada pergunta que faço e para a qual a
resposta é o silêncio. Silêncio. Silêncio.
Silêncio.
Eles
queriam que a aula terminasse. Eu também."
“Talvez
o pior de tudo isto, seja o
facto de aqueles alunos irem ser
Adultos
amanhã, sem terem crescido
nem amadurecido, cheios de Direitos,
sem
Deveres nem Responsabilidade…
alguns até Políticos ou Governantes”
O homem precisa da Natureza para sobreviver,
mas a Natureza não precisa do homem para nada...!