sábado, 21 de maio de 2022

 A última Aula de um Grande Professor

 que desistiu de dar aulas a péssimos

alunos.

 Leonardo Haberkorn, jornalista e

 escritor, era professor numa

 universidade de Montevideo.

 Corre na internet um artigo seu

 publicado em papel, em 2015, com

 o título "Me cansé... me rindo...",

onde declara ter deixado o ensino,

 que antes o apaixonava, e explica

porquê.

Tomámos a liberdade de o traduzir,

 pois, por certo, ele tocará muitos

 professores e directores de escolas

 portuguesas. Desejável é que tocasse

 instâncias superiores e, de modo

mais alargado, a sociedade.

"Depois de muitos e muitos anos, hoje

 dei a última aula na Universidade.

Cansei-me de lutar contra os telemóveis,

 contra o whatsapp e contra o facebook.

 Ganharam-me.

Rendo-me. Atiro a toalha ao chão.

Cansei-me de falar de assuntos que me

 Apaixonam perante jovens que não

 conseguem desviar a vista do telemóvel

que não pára de receber selfies.

Claro que nem todos são assim.

Mas cada vez são mais.

Até há três ou quatro anos a advertência

 para deixar o telemóvel de lado durante

90 minutos,ainda que fosse só para não

 serem mal-educados, ainda tinha algum

efeito.

Agora não. Pode ser que seja eu, que me

 desgastei demasiado no combate. Ou que

 esteja a fazer algo mal.

Mas há algo certo: muitos desses jovens não

 têm consciência do efeito ofensivo e doloroso

 do que fazem. Além disso, cada vez é mais difícil

explicar como funciona o jornalismo a pessoas

que o não consomem nem veem sentido em

estar informadas.

Só uma estudante entre 20 conseguiu explicar

 o básico de um conflito. O muito básico. O resto

 não fazia a mais pequena ideia. Perguntei-lhes

(...) o que se passa na Síria? Silêncio. Que

 partidos há nos USA na Rússia quem ganhou

as eleições nos USA, na Rússia, França,

Alemanha, Inglaterra, etc. E quem eram os

 Seguintes escritores de fama mundial:

Cervantes, Vitor Hugo, Camões, Vargas Llosa,

Willian Shakespeare, etc.

Alnos estão tão desinformadas para exercerem

 Qualquer profissão é complicado.

É como ensinar botânica a alguém que vem

de um planeta onde não existem vegetais.

Num exercício em que deviam sair para

 procurar uma notícia na rua, uma estudante

 regressou com a notícia de que se vendiam,

 ainda, jornais e revista na rua.

Chega um momento em que ser jornalista é

 colocar-se na posição do contra. Porque está

 treinado a pôr-se no lugar do outro, cultiva

a empatia como ferramenta básica de trabalho.

E então vê que estes jovens, que continuam a

ter inteligência, simpatia e afabilidade, foram

 enganados, a culpa não é só deles. Que a

 incultura, o desinteresse e a alienação não

nasceram com eles.

Que lhes foram matando a curiosidade e que,

com cada professor que deixou de lhes corrigir

as faltas de ortografia, os ensinaram que tudo

 é mais ou menos o mesmo. Então, quando

compreendemos que eles também são vítimas,

 quase sem darmos conta vamos baixando a

 guarda.

E o mau é aprovado como medíocre e o

medíocre passa por bom, e o bom, as poucas

 vezes que acontece, celebra-se como se fosse

 brilhante. Não quero fazer parte deste círculo

 perverso. Nunca fui assim e não serei assim.

O que faço sempre fiz questão de o fazer bem.

 O melhor possível. E não suporto o desinteresse

face a cada pergunta que faço e para a qual a

 resposta é o silêncio. Silêncio. Silêncio. Silêncio.

Eles queriam que a aula terminasse. Eu também."

“Talvez o pior de tudo isto, seja o

 facto de aqueles alunos irem ser

Adultos amanhã, sem terem crescido

 nem amadurecido, cheios de Direitos,

sem Deveres nem Responsabilidade…

 alguns até Políticos ou Governantes”

O homem precisa da Natureza para sobreviver, 

mas a Natureza não precisa do homem para nada...!

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