sábado, 6 de agosto de 2022

A curiosa origem da expressão “perder os 3 vinténs”

 

Perder os 3 vinténs" é uma das mais curiosas

expressões portuguesas. A sua origem e a sua história

são deveras curiosas. Descubra-as e surpreenda-se.

 Artigos Relacionados  Esta expressão, ainda hoje bem

conhecida, teve a sua origem numa pequena moeda de

 prata, que se pendurava no pescoço das raparigas até

ao seu casamento, e que tinha o nome de “amuleto

dos três vinténs”. Na noite de núpcias, a mulher casada

 entregava a moeda furada ao seu marido, tendo

daí surgido a expressão “tirar os 3 vinténs”.

 Os três vinténs foram cunhados pela primeira vez no

 reinado de D. Pedro II, e foi cunhada até ao reinado de

 D. Miguel, que capitulou em 1835, pela convenção de

 Évora-Monte. Depois disso, a moeda foi desaparecendo

gradualmente, embora continuassem em circulação as

que tinham sido cunhadas em reinados anteriores. Esta

moeda tem um encanto especial para os estudiosos de

antropologia cultural, devido ao significado específico que

tamanho objeto acabou por obter na expressão popular.

Diz a história que as mães ofereciam às filhas, muitas vezes

no dia do nascimento, uma moeda de três vinténs, à qual

faziam um pequeno furo por onde passava um fio que

permitia pendurá-la ao pescoço da rapariga.

Criava-se assim um amuleto para proteger a pureza

e virgindade daquela jovem até ao dia do casamento.

 Apenas nesse dia ela tirava a moeda do pescoço e

 a entregava ao marido, e só aí a sociedade podia

 dizer que ela não tinha os três vinténs, ou seja, que

 era uma mulher casada.

Alguns jovens mais atrevidos aproximavam-se das

 Raparigas. A curiosa origem da expressão "perder

os 3 vinténs" a-curiosa-origem-da-expressao

procuravam no pescoço a famosa moedinha.

Quando não a encontravam, dizia-se que já tinha

perdido os três vinténs. Tinha chegado tarde, ela já

 tinha marido. Num passado ainda recente, em que a

 virgindade feminina era atributo indispensável num

casamento, continuava em uso a expressão “ter os

 três vinténs”… ou não. Mas existe outra hipótese

para a origem desta expressão. Em tempos antigos,

 muitos casamentos eram resultado de arranjos

 familiares, algo que acontecia em todas as classes

sociais. Como havia muito a discutir, desde o dote

 à boa conduta da noiva, tornava-se necessário um

“atestado de bom comportamento”, passado por

uma autoridade local. Estes atestados vigoraram até

à época do 25 de abril! Se a autoridade em questão

tivesse dúvidas quanto à virgindade da moça, podia

 pedir uma certidão de virgindade, e é aqui que entra

 a moedinha. A certidão era passada pela parteira da

terra, que faziaum teste para averiguar o estado da

 rapariga.

Assim, colocava uma moeda de três vinténs sobre o

 hímen da jovem. Se esta passasse para dentro, a

jovem “chumbava”. Os três vinténs serviam depois

como pagamento à parteira, que, se tudo corresse

bem, passava depois o Atestado de Virgindade.

Alguns chegaram aos nossos dias, sendo por vezes

 anedóticos, como no caso de um que está no

 Arquivo Distrital de Viseu, sem data (embora se

 creia que seja de início do séc. XIX), que diz:

“Eu, Bárbara Emília, parteira,natural de Coura,

atesto e certifico pela minha honra, que Maria

 de Jesus tem as partes fudengas tal e qual como

 nasceu, tem inserto umas pequenas nódoas

negras junto dos montes da crica, que a não

serem de nascença, serão provenientes de

marradas de pissa.”

 “Outro caso anedótico, relatado por

uma parteira de Almada: “Eu Maria da Conceição

 Parteira Diplomada no Concelho De Almada,

declaro Por Minha honra Ao Serviço Do Meu

 Trabalho Que Maria Das Dores Está Séria e

honrada têm uns defeitos na coisa, mas Isso não

quer dizer nada são defeitos feitos pelo trabalho.”

Assim, embora não se saiba ao certo de qual destas

situações veio a expressão, sabe-se que tanto a

tradição da moeda de três vinténs dada por mães

 às filhas como a dos Atestados de Virgindade

 existiram mesmo e estiveram em vigor durante

bastante tempo.

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