Jovem da terceira idade, filho de gente humilde. Filho daaldeia. rurícola. Desde criança, depois defazer a 4ª Classe que era o mais alto grau de ensinona região, trabalhei no campo cavar, ceifar, etc. comicom as mãos sujas quando trabalhava no campo,bebi da água que nascia no chão e nunca tive vergonha.Na aldeia era assim o nosso viver com condiçõesrudementares. Não havia ergófilos ,toda a gentetinha que trabalhar para a sua subsistência.Cresci numa aldeia onde havia gente trabalhadora.Cresci rodeado de aldeias sem saneamento básico,sem água, sem luz, sem estradas e com uma ofertade trabalho muito árduo e feroz e mal muito malpago!
Cresci numa aldeia com valores, com gente que seolha nos olhos, com gente solidária, quase toda domesmo nível, com família ali ao lado.
Cresci que com os que trabalharam. Alguns dos maisricos conseguiram estudar, à custa de apoios doGoverno.Eu continuei a trabalhar, contribui para queeles pudessem estudar e a nada recebi por produzir.
Cresci a ouvir dizer que éramos um País em Vias deDesenvolvimento e... de repente éramos já um PaísDesenvolvido, que depois de entrarmos para a UniãoEuropeia o dinheiro tinha chegado a "rodos" e quepassamos de pobretanas a ricos " à fartazana".
Cresci assim, sem nada e com tudo.
E agora, o que temos nós?
Um país com duas imagens.
A de Lisboa: cidade grandiosa, moderna, com tudo emais alguma coisa, o lugar onde tudo se decide e ondetudo se divide, cidade com passado, presente e futuro.
E a do interior do país, território desertificado.Os camponeses tornaram urbícolas ou emigraramporque se saturam com os trabalhos agrícolas, quenunca foram dignificados. Perante tais condições ointerior do país está envelhecido, abandonado,improdutivo, esquecido e quase pisado. Tornou-seum país de vícios.foram-se os valores, sobrepuseram-se os doutores.Não interessa a tua história, interessa o lugar queocupas.Não interessa o que defendes, interessa o queprometes.Não interessa como chegaste lá, mas sim o querepresentas lá. Não interessa o quanto produziste,interessa o que conseguiste. Não interessa o meiopara atingir o fim. Não interessa o meu empenho,interessa oque obtenho.Não interessa que critiquem os políticos,interessa é estar lá. Não interessa a qualidade doensino, mas que o meu filho esteja na universidade.Não interessa saber que as autarquias tenhamgente a mais, interessa é que eu pertença aosquadros.Não interessa ter políticos que não passem primeiropelo mundo do trabalho,interessa é estar lá.Um país sem educação.
Quem semeia ventos colhe tempestades.
Numa época em que a sociedade global apresentaníveis de exigência altamente sofisticados, emPortugal a educação passou a ser um circo. Não sepodem reprovar meninos mimados. Não se podechumbar os malcriados.Os alunos podem bater nos professores e estes nem avoz podem levantar. Entrar na universidade passou aser obrigatório por causa das estatísticas.Quando osprofessores saem com os alunos são eles que mandamnos professores.Ser doutor, afinal, tornou-se coisa banal.
Um país que abandonou a produção endógena e referecomer produtos exógenos.
Um país rico em solo, em clima e em tradiçõesagrícolas que abandonou a sua história.Agora o que conta é ter serviços sofisticados, comose o afamado portátil fosse a salvação do país. Umpaís que pensa que turismo no Algarve(com boaspraias e condições para a talassoterapia) que dádinheiro para todos.Um país que abandonou a pecuária, a pesca e aagricultura. Que pisa quem ainda teima em produzire destaca quem apenas usa gravata. Um país queproibiu a produção de Queijo da Serra artesanal nadécada de 90 e que agora dá prémios ao melhorqueijo regional.Um país que diz ser o do Pastel de Belém, mas queesquece que tem cabrito de excelência, carnemirandesa maravilhosa, Vinho do Porto fabuloso,Ginginha deliciosa,Pastel de Tentugal tentador,Bolo Rei português, Vinho da Madeira, Vinho Verde,lacticínios dos Açores, o melhor azeite de Vila Flor(Trás-os Montes) e de outras regiões para vender.E tanto, tanto mais... que sai da terra e da nossahistória.
Um país sem gente e a perder a alma lusa.
Um país que investiu forte na formação de um povo,em engenharias florestais, zoo técnicas, ambientais,mecânicas, civis, em arquitectos, em advogados,em gestores, economistas, cursos profissionais,em novas tecnologias e em tudo o mais, e que agoraos jovens formados têm que emigrar!Um país que pôs grandes limites às entradas para asfaculdades de medicina, e agora, contrata muitosmédicos de outros países e muitos deles vêm depaíses considerados do terceiros mundo, onde asexigências técnicas em medicina são muito inferioresàs nossas.Um país que está desertificado e sem gente jovem,mas com tanta gente velha e sábia que não tem aquem passar o testemunho. Um país com jovensempreendedores que desejam ficar mas sãoobrigados a partir. Um país com tanto para dar,mas com o barco da partida a abarrotar. Um paíssem alma, sem motivação e sem alegria. Um país quesempre foi mal gerido.
Ainda vale a pena acreditar?
Vale. Se formos capazes de participar, congregarnovos ideais sociais e de mudar.
Porquê acreditar?
Porque oitocentos anos de história, construída a pulso,não se destroem em 40 anos. Porque o solo continuafértil. Portugal é o país da Europa que tem mais o marque é muito nosso!O sol continua a brilhar e a nossa alma, essa continuapura e lusitana e cada vez mais fácil de amar.
domingo, 1 de dezembro de 2013
Portugal que futuro
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Porra que fiquei sem fôlego para ler tudo até ao fim!
ResponderEliminarMas gostei... e muito!
Sem os nossos jovens não consigo vislumbrar qq futuro para Portugal. Nomeadamente, um Portugal com portugueses...
ResponderEliminarGostei de o ler, Rafael.
Saudações cordiais