Eu
tenho que aceitar tudo aquilo que chamo de
“minhas
casas e meus bens” são tectos e coisas
temporários
que, mais dia menos dia, serão o
abrigo
terreno de outras famílias e usarão os
meus bens que tanto economizei para os adquirir.
Eu
tenho que aceitar que o meu apego às coisas só
antecipava
ainda mais a minha partida na horizontal
para
a Cidade Necrópole.
Eu
tenho que aceitar, que eu vim a este mundo, para
fazer
algo por ele, para tentar dar-lhe o melhor de
mim,
se possível deixar rastos positivos de minha da
passagem
e, em dado momento, partir sem levar
remorsos.
Eu
tenho que aceitar, que o meu corpo nunca será
imortal,
que ele envelhecerá e, um dia, se acabará.
Eu
tenho que aceitar que os meus pais não duraram
para
sempre e que meu filho e meus netos, pouco a
pouco,
escolherão os seus caminhos e prosseguirão
a
sua vida sem a minha ajuda.
Eu
tenho que aceitar que eles não são meus, como eu
supunha,
e que a liberdade de ir e vir é um direito
deles
também.
Eu
tenho que aceitar que tudo que tenho foi-me
confiado
por empréstimo, que nada me pertence e
que
é tão fugaz quão fugaz é a minha própria
existência
na TERRA.
Eu
tenho que aceitar que os bens ficam para uso dos
meus
familiares e de outras pessoas, quando eu já não
estiver
por aqui.
Eu
tenho que aceitar que os meus animais de estimação,
as
árvores que eu plantei,os livros que escrevi, que
não
me pertencem!
É
muito difícil, mas eu tenho que aceitar.
Eu
tenho que aceitar as minhas fragilidades, os meus
limites,
a minha condição de ser mortal, de ser atingível,
e
perecível.
Eu
tenho que aceitar que a VIDA continuará com ou sem
mim
e que o mundo e meus familiares em pouco tempo
me
esquecerão.
Eu já rendi-me à evidência.Eu tenho que aceitar tudo isto.
Aceito
para deixar de sofrer, para lançar fora o meu
orgulho,
a minha prepotência, ignorância e para voltar
à
simplicidade da Natureza, a qual trata a todos da
mesma
maneira, sem favoritismo.
Humildemente,
eu vos confesso que foi preciso fazer
cessar
algumas guerras dentro de mim, para aceitar
a
realidade do nascer e perecer. Nasci nu e partirei
vestido.
Só vim ganhar o fato!...
Então acertei ao escolher uma profissão ligada à confecção de fatos.
ResponderEliminarHá sempre um cliente na fila!