Setenta
e cinco anos de vida, filho
de gente humilde.
Nascido
numa pequena freguesia, depois de ter feito
os estudos superiores da região - quarta
classe do ensino
primário-
e para completar este grau de ensino no
último ano teve que fazer sete
quilómetros por dia a pé
quer estivesse a chover ou fizesse frio!
As salas de
aulas não eram aquecidas durante o duro
inverno do
Nordeste Transmontano! Nem qualquer
ventilação nos
Dias
sufocantes de verão.
Depois de ter completado os supracitados
estudos,
teve que se dedicar ao trabalho agrícola
até 21 anos
idade. A partir desta idade em que foi cumprir
o serviço
militar obrigatório e seguiu outro rumo.
Pois desde criança executou todos os
trabalhos refentes
à
agricultura.
Limpou chãos, comeu com as mãos e às vezes
sujas,
bebeu agua do chão e nunca teve
vergonha.
Na aldeia é assim, somos o que somos porque somos
assim.
Cresceu numa aldeia que pouco mais tinha
que gente,
trabalho e gente trabalhadora.
Cresceu rodeado de aldeias sem
saneamento básico, sem
água, sem luz, sem estradas e com uma
oferta de
trabalho árduo e feroz.
Viveu numa aldeia com valores, com gente
que se
Olha
nos olhos, com gente solidária, com amigos de
todos os níveis, com família ali ao
lado.
Cresceu com amigos que estudaram e com
outros que
trabalharam.
Os que estudaram, muitos à custa de
apoios do
Governo, agora alguns estão
desempregados e a
queixarem-se de tudo.
Os que sempre trabalharam lá continuam a
sua caminhada, a produzir para o País e
a pouco se
fazem ouvir, apesar de terem contribuído
para o
apoio dos que estudaram e a nada
receberem por
produzir.
Cresceu a ouvir dizer que éramos um País
em Vias
de Desenvolvimento e ... de repente
éramos já um
País desenvolvido, que depois de entrarmos
para
a
União Europeia o dinheiro tinha chegado a "rodos"
e
que passamos de pobretanas a ricos à"fartazana".
A sua vida foi esta, assim, sem nada e
com tudo.
E agora, o que temos nós?
1. Um país com duas imagens.
· A de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e outras:
cidades grandiosas, modernas, com tudo
e
mais alguma coisa, o lugar onde tudo se decide e
onde tudo se divide, cidades com
passado, presente
e futuro e onde pouco se trabalha.
· E a do interior do país, território desertificado,
envelhecido, abandonado, improdutivo,
esquecido,
pisado.
1. Um país de vícios.
· Esqueceram-se os valores, sobrepuseram-se os
doutores.
· Não interessa a tua história, interessa o lugar
que ocupas.
· Não interessa o que defendes, interessa o que
prometes.
· Não interessa como chegaste lá, mas sim o que
representas lá.
· Não interessa o quanto produziste, interessa o
que conseguiste.
· Não interessa o meio para atingir o fim, interessa
o
que me podes dar a mim.
· Não interessa o meu empenho, interessa o que
obtenho.
· Não interessa que critiquem os políticos,
interessa é estar lá.
· Não interessa saber que as associações de
estudantes das universidades são o
primeiro passo
para a corrupção activa e passiva que
prolifera em
todos os sectores políticos, interessa é
que o meu
filho esteja lá.
· Não interessa saber que as autarquias tenham
gente a mais, interessa é que eu
pertença aos quadros.
· Não interessa ter políticos que passem primeiro
pelo mundo do trabalho, interessa é que
o povo vá
para o diabo.
1. Um país sem justiça.
· Pedófilos que são condenados e dão aulas passados
uns dias.
· Pedófilos que por serem políticos são pegados em
Ombros
Assassinos que matam por trás e que são
Libertados
passados sete anos por bom
comportamento!
· Criminosos financeiros que escapam por
motivos que nem ao diabo lembram.
· Políticos que passam a vida a enriquecer e que
jamais têm problemas ou alguém questiona
tais
fortunas.
· Bancos que assaltam um país e que o povo ainda
ajuda a salvar.
· Um povo que vê tudo isto e entra no sistema,
pedindo favores a toda a hora e
alimentando a
máquina que tanto critica e chora.
1. Um país sem educação.
· Quem semeia ventos colhe tempestades.
· Numa época em que a sociedade global apresenta
níveis de exigência altamente
sofisticados, em
Portugal a educação passou a ser um
circo.
· Não se podem reprovar meninos mimados.
· Não se pode chumbar os malcriados.
· Os alunos podem bater e os professores nem a
voz podem levantar.
· Entrar na universidade passou a ser obrigatório
por causa das estatísticas.
· Os professores saem com os alunos e alunas e os
alunos mandam nos professores.
· Ser doutor, afinal, tornou-se coisa banal.
Como está senhor contente? Como vai senhor Feliz?
E para onde vai este país!...
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segunda-feira, 4 de abril de 2016
Portugal que futuro!
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