segunda-feira, 4 de abril de 2016

Portugal que futuro!

 Setenta e cinco anos de vida, filho de gente humilde.
 Nascido numa pequena freguesia, depois de ter feito
os estudos superiores da região - quarta classe do ensino
 primário- e para completar este grau de ensino no
último ano teve que fazer sete quilómetros por dia a pé
quer estivesse a chover ou fizesse frio! As salas de
aulas não eram aquecidas durante o duro inverno do
Nordeste Transmontano! Nem qualquer ventilação nos
 Dias sufocantes de verão.  
Depois de ter completado os supracitados estudos,
teve que se dedicar ao trabalho agrícola até 21 anos
idade. A partir desta idade em que foi cumprir o serviço
 militar obrigatório e seguiu outro rumo.
Pois desde criança executou todos os trabalhos refentes
 à agricultura.
Limpou chãos, comeu com as mãos e às vezes sujas,
bebeu agua do chão e nunca teve vergonha.
Na aldeia é assim, somos o que somos porque somos
 assim.
Cresceu numa aldeia que pouco mais tinha que gente,
trabalho e gente trabalhadora.
Cresceu rodeado de aldeias sem saneamento básico, sem
água, sem luz, sem estradas e com uma oferta de
trabalho árduo e feroz.
Viveu numa aldeia com valores, com gente que se
 Olha nos olhos, com gente solidária, com amigos de
todos os níveis, com família ali ao lado.
Cresceu com amigos que estudaram e com outros que
trabalharam.
Os que estudaram, muitos à custa de apoios do
Governo, agora alguns estão desempregados e a
queixarem-se de tudo.
Os que sempre trabalharam lá continuam a
sua caminhada, a produzir para o País e a pouco se
fazem ouvir, apesar de terem contribuído para o
apoio dos que estudaram e a nada receberem por
produzir.
Cresceu a ouvir dizer que éramos um País em Vias
de Desenvolvimento e ... de repente éramos já um
 País desenvolvido, que depois de entrarmos para
 a União Europeia o dinheiro tinha chegado a "rodos"
 e que passamos de pobretanas a ricos à"fartazana".
A sua vida foi esta, assim, sem nada e com tudo.
 E agora, o que temos nós?

1.       Um país com duas imagens.
·         A de Lisboa, Porto, Coimbra, Braga e outras:
cidades grandiosas, modernas, com tudo
 e mais alguma coisa, o lugar onde tudo se decide e
onde tudo se divide, cidades com passado, presente
e futuro e onde pouco se trabalha.
·         E a do interior do país, território desertificado,
 envelhecido, abandonado, improdutivo, esquecido,
pisado.
1.       Um país de vícios.
·         Esqueceram-se os valores, sobrepuseram-se os
doutores.
·         Não interessa a tua história, interessa o lugar
que ocupas.
·         Não interessa o que defendes, interessa o que
 prometes.
·         Não interessa como chegaste lá, mas sim o que
representas lá.
·         Não interessa o quanto produziste, interessa o
que conseguiste.
·         Não interessa o meio para atingir o fim, interessa
 o que me podes dar a mim.
·         Não interessa o meu empenho, interessa o que
obtenho.
·         Não interessa que critiquem os políticos,
 interessa é estar lá.
·         Não interessa saber que as associações de
estudantes das universidades são o primeiro passo
 para a corrupção activa e passiva que prolifera em
todos os sectores políticos, interessa é que o meu
 filho esteja lá.
·         Não interessa saber que as autarquias tenham
gente a mais, interessa é que eu pertença aos quadros.
·         Não interessa ter políticos que passem primeiro
pelo mundo do trabalho, interessa é que o povo vá
para o diabo.
1.       Um país sem justiça.
·         Pedófilos que são condenados e dão aulas passados
 uns dias.
·         Pedófilos que por serem políticos são pegados em
Ombros
         Assassinos que matam por trás e que são
Libertados
passados sete anos por bom comportamento!
·         Criminosos financeiros que escapam por
 motivos que nem ao diabo lembram.
·         Políticos que passam a vida a enriquecer e que
jamais têm problemas ou alguém questiona tais
fortunas.
·         Bancos que assaltam um país e que o povo ainda
ajuda a salvar.
·         Um povo que vê tudo isto e entra no sistema,
pedindo favores a toda a hora e alimentando a
máquina que tanto critica e chora.
1.       Um país sem educação.
·         Quem semeia ventos colhe tempestades.
·         Numa época em que a sociedade global apresenta
níveis de exigência altamente sofisticados, em
Portugal a educação passou a ser um circo.
·         Não se podem reprovar meninos mimados.
·         Não se pode chumbar os malcriados.
·         Os alunos podem bater e os professores nem a
voz podem levantar.
·         Entrar na universidade passou a ser obrigatório
por causa das estatísticas.
·         Os professores saem com os alunos e alunas e os
alunos mandam nos professores.
·         Ser doutor, afinal, tornou-se coisa banal.
Como está senhor contente? Como vai senhor Feliz?
E para onde vai este país!...


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