terça-feira, 24 de janeiro de 2023

Carta escrita pelo infante D. Pedro ao seu irmão 
 D. Duarte 

 Este documento tem 596 anos. O país dos 
adormecidos, continua com as mesmas maleitas
 de há quase 600 anos ! A famosa carta de Bruges,
 escrita pelo infante D. Pedro ao seu irmão D. Duarte, 
em 1426, devia ser dada nas escolas e num Curso 
Obrigatório para exercer política e ser político íntegro.
 É um documento notável sobre os problemas de 
 Portugal e dos portugueses. É quase um programa de
 governo, extenso, minucioso e certeiro, de uma visão 
extraordinária, com muita atualidade, em que o 
infante das Sete Partidas dá conselhos ao futuro rei 
sobre tudo. Há 600 anos! Deixo algumas frases. É tão
 difícil de escolher, mas aqui tem um apanhado. IGREJA 
“Há excesso de prelados com escassa preparação, e em 
quem a vocação é ausente. Clérigos sem cultura, em 
quem floresce a preguiça e a gula(...). Quanto aos bispos
, entendo que é nefasto o hábito de serem nomeados s
em que se acautele que são homens livres de escândalos.
” ESTUDOS SUPERIORES “Saliento a importância da
 educação de todos os que dão mostras de aptidão e
 inteligência, e não apenas dos filhos dos privilegiados(...) 
Ricos e pobres devem conviver durante a vida de estudos, 
em igualdade de tratamento. Defendo a criação de dotações
 para os estudantes sem recursos.” IMPOSTOS E 
POVOAMENTO “A força reside, em parte, na população.
 É preciso evitar o despovoamento dos campos e diminuir 
os tributos que pesam sobre o povo.” JUSTIÇA. "A justiça 
parece só existir em Portugal na cabeça do rei e do seu 
herdeiro; e dá ideia de que lá não sai, porque, se assim não 
fosse, aqueles que têm por encargo administrá-la 
comportar-se-iam mais honestamente. A justiça deve dar a
 cada um aquilo que lhe é devido e deve dar-lho sem 
delongas(...). O grande mal está na lentidão da justiça” 
DEFEITOS DOS PORTUGUESES "Dos muitos vícios 
que encontro no nosso povo, falar-vos-ei do gosto pela 
ostentação vazia, que leva a que todos queiram viver na 
corte, enjeitando as nobres profissões de seus pais, para se
 verem afidalgados, entregues ao ócio e ao dinheiro fácil. 
Enche-se de ociosos a corte e os lugares que deveriam 
administrar o reino. Vejo nesta situação uma das causas do
 atraso de Portugal, onde não se cumpre a lei nem se 
resolvem os entraves

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