quinta-feira, 1 de outubro de 2009

A opulência e a humildade

Há alguns indivíduos que nasceram num berço de ouro e que tiveram todos os bens afectivos e materiais ao seu dispor. A maioria dos mais lelos tentam valorizar-se e exigem certas deferências pelos objectos que ostentam como: um carro de topo de gama, mota, vivenda com piscina, mas não pelo saber, pelos cursos que fizeram e muito menos por terem sido beneméritos.
È sabido que nem sempre as excelentes condições económicas são um sinal de felicidade, por vezes o poder económico desajusta certas pessoas á realidade efectiva, no que concerne às condições físicas, mentais e psicológicas, muitos desses indivíduos ricos passam uma vida de insatisfação permanente.
Ao contrário vêem-se pessoas que tiveram uma adolescência humilde que vivem uma vida mais feliz. Quando através do seu trabalho conseguem adquirir uma casa, um carro (ainda que seja usado), uma pequena horta onde possam colher alguns legumes e frutos e ainda quando outros bens não bem necessários lhes possam trazer melhores condições sociais, a sua felicidade redobra. Todos esses factores tornam-se múltiplas fontes de satisfação e de felicidade para os mais humildes.
Este sentimento de bem-estar acontece com todos aqueles que tiveram um conforto exíguo, em que os seus ascendentes tiveram que laborar durante uma vida inteira de sol-a-sol para angariarem o sustento para sua prole.
Claro que, não creio que todos que nasceram ricos estejam condenados à infelicidade! Embora, a felicidade maior seja um estado de espírito que se vai construindo paulatinamente conforme os êxitos pessoais e familiares. Parece-me, que a felicidade se dá mal com a arrogância, prepotência e sobranceira, o que é muito comum hodiernamente, em que a incivilidade é regra e a humildade é sinal de debilidade, como pretendem demonstrar os mais ignaros ou broncos plutocratas.
Constata-se que até nas doenças as atitudes são muito diferentes. Os humildes aceitam a dor, o mau estar, o sofrimento e todas as angustias que a doença lhes causa, problemas de toda a ordem, mas suportam tudo sem desespero. Tomam todas as precauções que lhes são possíveis porque sabem que o ser humano tem as suas limitações, tentam prolongar a vida com muita perseverança e paciência. Esta filosofia de vida remete para a Doutrina Estóica.
Os ricos quando são assolados por uma patologia súbita e grave, ficam prostrados, não suportam as dores nem incómodos que isso acarreta. Desesperam, embora, possam ter todas condições para um rápido restabelecimento. Mas sentem um grande receio que a sua partida na horizontal para a cidade necrópole seja antecipada motivada por essa doença. Assim, entram num grande desespero, porque pensam que vão deixar a vida lauta e de prazer que têm, é que acontece com aqueles são seguidores da Doutrina Epicurista.
Considerando as doenças em níveis sociais diferentes posso relatar dois casos paradigmáticos:
Dois indivíduos do mesmo nível etário e conterrâneos um pobre e o outro rico foram surpreendidos por a mesma doença grave. Ambos tiveram que fazer quimioterapia no mesmo hospital em condições idênticas.
Após terem sido restabelecidos dessa grave enfermidade os clínicos oncologistas aconselharam-nos que deviam fazer uma vida mais regrada em todos os sentidos.
O rico como se sentia de boa saúde depressa voltou à vida que levava antes de ter aquela doença. Incentivado pelos falsos amigos, que alguns até tinham inveja das suas boas condições financeiras. Perante estas fortes influências continuou nas boites,grandes comezainas, bebidas (às vezes escondia-se dos familiares e dos amigos sinceros para beber bebidas que lhe faziam mal, para não ser criticado por eles), bacanais, a perder noites, etc. Cinco anos depois teve uma recaída da doença grave que tinha tido. Teve que ser submetido outra vez a um tratamento mais rigoroso e com doses mais fortes, mas não resistiu, faleceu em pleno tratamento.
O pobre cumpriu todas as recomendações dos iatros, fez sempre uma vida muito moderada em todos os aspectos. Era empregado numa fábrica que fornecia o almoço quase gratuito aos seus trabalhadores, mas ele pediu para ser desabonado da refeição
a fim de que o patrão lhe dessa a quantia correspondente à dita refeição. Porque ele tinha que ir almoçar todos os dias a casa. A sua esposa fazia-lhe sempre um comer adequado ao seu estado de saúde. O pobre tem hoje oitenta anos e o rico morreu com quarenta.
As boas condições financeiras podem, por vezes, causar o nosso infortúnio e até a morte mais cedo que a nossa resistibilidade inata devido a atitudes desregradas que o dinheiro proporciona. Para se viver feliz é preciso ser: trabalhador, sóbrio, comedido em tudo e saber enfrentar todas as agruras a vida.

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