quinta-feira, 6 de dezembro de 2012

A Pátria sou e és tu

Me envergonha a vaidade
E me orgulho, poder tê-la.
Esta, a Noite da Verdade,
A minha dualidade
Salvou, em vez de perdê-la,
(A Vida) na minha idade…

Valente, gente, valeu
O que vale aos vinte e três…
Infantes, melhores do que eu,
Que nesta noite de breu
Tanto porfiou e fez
Que a minh’alma cresceu…

Aqui, na ilha do Cômo
De mata densa e fechada,
E lama, e moscas, e nada...
O Quartel é um assomo
De uma frágil paliçada.

As Armas quase fundiam
De tanto fogo lançar.
Portaram-se como deviam;
Agora, vão descansar.

E eu, terei que esconder
A verdade da façanha,
Pois me houve alguma manha
Em guardar as munições
Para tais ocasiões...

Destroçados, acabrunhados,
Depois de muitos minutos,
(Quase na terceira hora)
Mais molhados que enxutos,
Partiram sem um lamento
Deixando, por testamento,

As traições a camaradas
Não se apagam nem esquecem
Por mais ou menos palavras
Ou actos que imerecem.
A Pátria, sou eu, és tu
E não qualquer Belzebu.

Santos Oliveira
Ilha do Cômo/Guiné
17NOV64


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