terça-feira, 9 de setembro de 2014

Carta de uma mãe para outra mãe

Assunto muito sério e verídico que aconteceu 
na cidade do Porto.
Cara Senhora,
Vi o seu enérgico protesto diante das câmaras de
 televisão contra a transferência do seu filho, 
presidiário, das dependências da  prisão de 
Custóias para outra dependência prisional em
 Lisboa.
Vi-a a queixar-se da distância que agora a
separa do seu filho, das dificuldades e das
despesas que vai passar a ter para o visitar,
bem como  de outros inconvenientes 
decorrentes dessa mesma transferência.
Vi também toda a cobertura que os jornalistas 
e repórteres deram a este facto, assim como 
vi que não só senhora, mas também outras 
mães na mesma  situação, que contam com
o apoio de Comissões, Órgãos e Entidades 
de Defesa de Direitos Humanos, etc ...
Eu também sou mãe e posso compreender o 
seu protesto. Quero com ele fazer  coro, porque,
 como verá, também é enorme a 
distância que me separa do meu filho.
A trabalhar e a ganhar pouco, tenho as
mesmas dificuldades e despesas para o 
 visitar.
Com muito sacrifício, só o posso fazer aos
 domingos porque trabalho (inclusivé 
aos sábados) para auxiliar no sustento e educação 
do resto da  família.
Se você ainda não percebeu, sou a mãe daquele  
jovem que o seu filho matou cruelmente num assalto 
a uma bomba de combustível.Onde ele, meu filho, 
trabalhava durante a noite para pagar os estudos e
 ajudar a família.
No próximo domingo, enquanto você estiver a 
abraçar e beijar o seu filho, eu estarei a visitar 
o meu e a depositar algumas flores na sua
 humilde  campa, num cemitério dos arredores de
 onde moro ...
Ah! Já me esquecia:
 Pode ficar tranquila, que o Estado  encarregar-se á
 de tirar parte do meu magro salário para custear o 
sustento do seu filho  e, de novo, o colchão que ele 
queimou, pela segunda vez, na cadeia onde se 
encontrava a cumprir pena, por ser um criminoso.
No cemitério, ou na minha casa, NUNCA 
apareceu nenhum representante dessas  
"Entidades" que tanto a confortam, para me
 dar uma só palavra de conforto  ou indicar-me
 quais "os meus direitos".
 
Direitos humanos só deveriam ser para os
"humanos direitos"


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