sábado, 6 de agosto de 2022

 Geração à rasca foi a MINHA

 Geração à rasca foi a minha. Foi uma geração

que viveu num país vazio de gente por causa da

emigração e da guerra colonial, onde era proibido

 ser diferente ou pensar que todos deveriam ter

 acesso à saúde, ao ensino e à segurança social.
Uma Geração de opiniões censuradas a lápis azul.

De mulheres com poucos direitos, mas de homens

cheios deles. De grávidas sem assistência e de

crianças analfabetas. mortalidadeinfantil era de

 44,9%. Hoje é de 3,6%.

Que viveu numa terra em que o casamento era

 para toda a vida, o divórcio proibido, as uniões de

 facto eram pecado filhos sem casar uma desonra.

Hoje, o conceito de família mudou. Há

casados, recasados, em união de facto, casais

 homossexuais, monoparentais, sem filhos por

 opção, mães solteiras porque sim, pais biológicos,

etc.

A mulher era, perante a lei, inferior. A sociedade

subjugava-a ao marido, o chefe de família, que tinha

o direito de não autorizar a sua saída do país e que

podia, sem permissão, ler-lhe a correspondência.
Os televisores daquele tempo eram a preto e branco,

 uns autênticos caixotes, em que se colocava um filtro

 colorido, no sentido de obter melhores imagens, mas

apenas se conseguia transformar os locutores em

"Zombies" desfocados.

Hoje, existem plasmas, LCD ou Tv com LEDs, que

custam uma pipa de massa.

Na rádio ouviam-se apenas 3 estações,  a oficial

Emissora Nacional, a católica Rádio Renascença e o

 inovador Rádio Clube Português. Não tínhamos os

 Gato Fedorento, só ouvíamos Os Parodiantes de

Lisboa, os humoristas da época.

Havia serões para trabalhadores todos os sábados,

na Emissora Nacional, agora há o Toni Carreira e o

 filho que enchem pavilhões quase todos os meses.

A Lady Gaga vem cantar a Portugal e o Pavilhão

Atlântico fica a abarrotar. Esta geração dizem que

 não têm dinheiro, mas quando os músicos famosos

 estrangeiros, compram bilhetes de cem  euros para

assistirem ao espetáculo.

As Docas eram para estivadores, e o Cais do Sodré

 para marujos. Hoje são para o JET 7, que consome

diariamente grandes quantidades de bebidas, e não

 só...

O Bairro Alto, era para a malta ir às meninas, e para

 os boémios. Éramos a geração das tascas, do vinho

 tinto, das casas do fado e das boites de fama

duvidosa. Discotecas eram lojas que vendiam

discos, como a Valentim de Carvalho, a Vadeca

 ou a Sasseti.
As Redes Sociais chamavam-se Aerogramas,

cartas que na nossa juventude enviávamos lá

 da guerra aos pais, noivas, namoradas,

 madrinhas de guerra, ou amigos que estavam

por cá.

Agora vivem na Internet, da socialização do

 Facebook, de SMS e E-Mails cheios de "k" e

vazios de conteúdo.

As viagens Low-Cost na nossa Geração eram

 feitas em de bicicleta, ou então nas viagens para

 as antigas colónias para combater o "inimigo".

Quem não se lembra do celebre Niassa, do

Timor, do Quanza, do Índia entre outros,

tenebrosos navios em que, quando

embarcávamos, só tínhamos uma certeza... 

...a viagem de ida!
  Quer a viagem fosse para Angola, Moçambique

 ou Guiné, esses eram os nossos cruzeiros.

Ginásios? Só nas coletividades. Os SPAS

chamavam-se Termas e só serviam doentes.

Coca-Cola e Pepsi, eram proibidas, o "Botas",

 como era conhecido o Salazar, não nos

deixava beber esses líquidos. Bebíamos,

 laranjada, gasosa e pirolitos.

Recordo que na minha geração o País, tal

como as fotografias, era a preto e branco.

A minha geração sim, viveu à rasca.

Quantas vezes o meu almoço era uma peça

 de fruta (quando havia), e a sopa que davam

na escola. E, ao jantar, uma lata de conserva

com umas batatas cozidas, dava para

 5 pessoas.

 Na escola, quando terminei a 4ª classe (curso

 superior do minha região) fui trabalhar no

 campo. Eu gostava d continuar a estudar, mas

 meus pais não possibilidades económicas.

Hodiernamente, vão comemorar os fins dos

cursos, para fora do país, em grupos

 organizados, para comemorar, tudo pago

pelos paizinhos..

Têm brutos carros, Ipad's, Iphones, PC's, ....

E tudo em quantidade. Pago pela geração

que hoje tem a culpa de tudo!
Tiram cursos só para ter diploma. Só querem

trabalhar começando por cima.
Afinal qual é ou foi a geração à rasca...?



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