sexta-feira, 13 de novembro de 2009

Vigarista à vista

Uma história verdadeira que se passou connosco

A minha mulher costumava comprar a carne para gasto de nossa casa num
talho que está muito próximo da nossa residência em Almada. Das muitas
conversas que teria tido com o empregado do talho, disse-lhe qual era
a sua profissão, onde trabalhava, qual o seu horário de trabalho, etc.
Como nos talhos há sempre mais clientes que estão à espera para
serem também atendidos como é normal, alguém ouviu todos estes
pormenores e soube onde nós morávamos. Esse alguém devia ter indagado
melhor respeitante à nossa vida, onde trabalhávamos e quando saímos
de casa.
Numa quarta-feira, nós tínhamos saído às oito horas de casa, cada
um para o seu trabalho, nesse mesmo dia um certo indivíduo vai a
esse dito talho identificou-se ao empregado e disse-lhe:
- Eu sou o marido daquela senhora professora nome…. Que moramos no
4º andar dto no número….
- Muito prazer em conhecê-lo, nunca aqui veio com a sua esposa.
- Não, nem sempre tenho tempo para auxiliar a minha mulher a fazer
as compras, só aos fins-de-semana é que vou com ela aos supermercados.
- É geralmente o ritmo normal dos casais quando ambos trabalham, aos
Sábados e Domingos têm mais tempo livre.
- Mas hoje aconteceu um pequeno problema.
- Então que se passou consigo senhor?
- Com a pressa fechei a porta só no trinco, ficaram lá dentro as
chaves, esqueci-me também da carteira e tenho muito pouca gasolina no
carro!...
Tenho que ir lá em cima à Escola Secundária Fernão Mendes Pinto
buscar as chaves da minha mulher para poder entrar em casa e ir buscar
a carteira e as minhas chaves, mas custa-me ir lá incomodá-la porque
agora está numa reunião de professores.
O empregado sabia que havia mesmo essa reunião de professores, porque
a minha mulher tinha falado nisso no dia anterior por mero acaso. As
mulheres e até alguns homens, em simples conversas, contam toda a sua
vida aos comerciantes e aos taxistas. Por isso, eles sabem da vida de
todos os seus clientes e onde moram.
- Se quiser posso emprestar-lhe algum dinheiro para agora se
desenrascar e depois á tarde vem trazer-lo.
- Sim, é sem dúvida uma maneira mais fácil de resolver o meu problema.
-Então quanto precisa?
- Cinquenta euros chegam.
- Será que é o suficiente?
- Sim, basta essa importância.
O dito indivíduo lá seguiu o seu destino muito calmamente, sem causar
qualquer suspeita ao magarefe.
Passados dois meses o empregado com um certo acanhamento disse para a
minha mulher:
- Desculpe minha senhora, mas penso que o seu marido ter-se-ia
esquecido,pois não me veio devolver os 50,00 euros que lhe emprestei há
cerca de dois meses!
- O meu marido pediu-lhe dinheiro emprestado?! Ele diz que nunca pediu
dinheiro emprestado a ninguém a não ser aos irmãos e ao Banco para
comprar as duas casas que temos. Ele é que, desde sempre, empresta
pequenas quantias aos seus colegas de trabalho!
Mas de qualquer maneira eu vou falar nisso, mas duvido muito que tivesse
sido ele que lhe pedisse esse dinheiro emprestado.
No dia seguinte eu e a minha mulher fomos ao dito talho, quando cheguei
disse-lhe:
- Venho entregar-lhe os 50,00 que me emprestou!...
- O senhor é que é marido desta senhora?... - Disse ele com um certo
espanto!
- sim, sou.
- A sua cara não me é estranha de o ver passar na rua, mas nunca pensei
que fosse o senhor marido desta senhora! O outro senhor era muito mais
baixo e tinha um carro Renault 5.
- Eu nunca tive nenhuma Renault 5, dessa marca só tive uma Renault 9,
mas já há oito anos que o vendi, agora tenho um BMW 316 e a minha mulher
tem o pequeno peugeot 105.
Fui bem enganado!... Eu até lhe emprestava muito mais dinheiro só por
me dizer que era o marido da sua esposa.
- Para a próxima vez tenha mais atenção com os contos do vigário, outros
colegas desse vigarista poderão vir com novo pretexto ou outra modalidade
para o ludibriar. Eles andam por aí bem engravatados à procura de
incautos!!!

1 comentário:

  1. Meu caro Rafael, como vês, eles andam por aí e, infelizmente, o poder que os devia pôr na ordem, na maioria dos casos, actua tão tarde e com tanta benevolência que não faz surtir o efeito que se impunha e, assim, vão-se instalando impunidades ! Frequentemente, vê-se mais " mesas redondas " dos comentadores que temos, discutindo direitos a atribuir aos arguidos, do que às vítimas que eles fazem ! Contigo, felizmente, não foi muito grave, mas, o meliante continua à solta e, provavelmente, vai andando a fazer das dele ... . Eles sabem com o que podem contar e nós também sabemos onde existe o mal e donde poderia sair algo mais sobre a cura ; porém, parece haver poucos interessados na melhoria desejada . Apesar de existir um Órgão de Soberania - Tribunais - com Sindicato, o que me faz alguma confusão, espero que haja inúmeros contributos deste e de outros intervenientes à altura do que se julga imprescindível ... .

    Um abraço do Hipólito

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