domingo, 1 de dezembro de 2013

O mendigo e o seu fiel amigo

Lígio era um velho mendigo que perambulava pelas ruas
da cidade do Funchal.
Ao seu lado, o fiel escudeiro, um vira-lata, cão, que deu
nome de Malhado. Ligio nunca pedia dinheiro.
Aceitava sempre um pão, uma banana, um pedaço de bolo
ou um almoço feito com sobras de comida dos mais
abastados desta bonita Urbe Atlântica.
Quando suas roupas estavam imprestavéis, logo era
socorrido por alguma alma caridosa
Mudava sua apresentação e era logo alvo de brincadeiras.
Júlio era conhecido como um homem bom, que perdera a
razão, a família, os amigos e até a identidade.
Não bebia bebidas alcoólicas, estava sempre muito
tranquilo, mesmo quando não havia recebido nem
um pouco de comida.
Dizia sempre que Deus lhe daria um pouco na hora certa e,
sempre na hora que Deus determinava, alguém lhe
dava uma porção de alimentos. Lígio agradecia com
reverência e rogava a Deus pelas pessoas que o
ajudava.
Tudo que ganhava, dava primeiro para o Malhado, que,
paciente, comia e ficava a esperar por mais um pouco.
Não tinha onde dormir, onde anoitecia, lá dormiam.
Quando chovia, procuravam abrigo de baixo de um
alpendre,tinham por colchão bocados de cartão
e, ali o mendigo ficava a meditar, com um olhar
perdido no horizonte.
Um dia o Sr Leafar quis saber algo mais da situação deste
mendigo. daquela vida vegetativa, sem progresso, sem
esperança e sem um futuro promissor, que tinha por
único interlocutor o seu cão. Com o pretexto lhe
oferecer algo para comer foi falar com o velho Lígio.
Iniciou a conversa falando do Malhado, perguntei pela idade
dele, o que Lígio, não sabia.
Dizia não ter idéia, porque se encontraram um certo dia
quando ambos andavam pelas ruas da cidade.
A amizade entre eles começara com um pedaço de pão,
ele parecia estar faminto e eu lhe ofereci um pouco
do meu almoço e ele agradeceu, abanando o rabo,
e daí, não me largou mais.
Ele ajuda-me muito e eu retribuo essa ajuda sempre que
posso. Curioso perguntou-lhe: Como vocês se ajudam?
Ele me vigia de noite quando estou dormindo; ninguém pode
chegar perto que ele late e ataca.
Também quando ele dorme de dia , eu fico a vigiá-lo

Continuando a conversa, Leafar perguntou:
ligio, você tem algum desejo na vida? Sim, respondeu
ele tenho vontade de comer um cachorro quente,
daqueles que a Zezé vende ali na esquina.
- Só isso? Indagou
- É, no momento é só isso que eu desejo.
- Pois bem, vou satisfazer agora esse grande desejo.
Saíu e comprou um cachorro quente para o mendigo. Voltou
e entregou-lho.
Ele arregalou os olhos, deu um sorriso, agradeceu a dádiva e
em seguida tirou a salsicha, deu para o Malhado, e
comeu o pão com os temperos.
Leafar não entendeu aquele gesto do mendigo, pois
imaginava ser a salsicha o melhor pedaço, não se conteve e
perguntou-lhe intrigado:
Por que você deu para o Malhado, logo a salsicha?
Ele com a boca cheia respondeu:
Para o melhor amigo, o melhor pedaço!
E continuou comendo, alegre e satisfeito. Despediu se do
Lígio, passei a mão pelo Malhado e sai pensando...
Aprendi como é bom ter amigos.
Pessoas em que possamos confiar.
Por outro lado, é bom ser amigo de alguém e ter a satisfação
de ser reconhecido como tal.
Jamais esquecerei a sabedoria daquele mendigo:
PARA O MELHOR AMIGO O MELHOR PEDAÇO"
Será muito imitar Lígio?...


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