segunda-feira, 4 de maio de 2015

O erro da cópia da cópia




Um jovem noviço chegou ao mosteiro de Alcobaça, logo 
lhe deram a tarefa de ajudar os outros monges a transcrever 
os antigos cânones e regras da Igreja.
Ele se surpreendeu ao ver que os monges faziam o seu 
trabalho, copiando a partir de cópias e não dos manuscritos 
originais. Foi falar com o velho Abade e comentou que, se 
alguém cometesse um erro na primeira cópia, esse erro se 
propagaria em todas as cópias posteriores. O Abade 
 respondeu-lhe que sempre fizeram assim, há séculos 
copiavam da cópia anterior, na verdade desde o início da
 Igreja, para poupar os originais.
Mas admitiu que achava interessante a observação do 
noviço. 
Na manhã seguinte, o Abade desceu até às profundezas do 
 porão do mosteiro, onde eram conservados os manuscritos 
e pergaminhos originais, intactos e com a poeira de muitos 
séculos... Pois passou-se a manhã, a tarde e a noite, e
 ninguém mais vira o Abade. O último que o vira informou 
que ele estava indo em direção ao porão. Preocupados, o 
jovem noviço e mais alguns monges decidiram procurá-lo.
Nos labirintos do mais profundo e frio compartimento do
 porão, encontraram o velho Abade  completamente 
descontrolado, tresloucado, olhos esbugalhados, espumando 
e com as vestes rasgadas, batendo com a cabeça já 
 ensanguentada nos veneráveis muros do mosteiro.
Apavorado, o monge mais velho da turma de busca
 perguntou:
- Mas, Abade, pelo amor de Deus, o que aconteceu?

- IMBECIL! IMBECIL! IMBECIL o primeiro copista! 
Desgraçado, que arda no Inferno! CARIDADE! . era
 CARIDADE! Eram votos de "CARIDADE" que tínhamos
 que fazer... e não de "CASTIDADE"!... E no meu tempo 
tínhamos tantas freiras bonitas!...

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