quinta-feira, 20 de outubro de 2016

A diferença entre mandar e comandar

À medida que se sobe na escala hierárquica, aumentam as
 obrigações e diminuem os direitos. Conheço muito poucos 
portugueses cientes desta diferença  absolutamente essencial 
entre mandar e comandar: 
quem manda dá ordens; quem comanda dá o exemplo. 
Por isso, abundam por aí muitos chefes e muito poucos 
 líderes chaga-se á conclusão que muitos só aprenderam a 
coagir.
Já Camões se queixa va disso ao rei D. Sebastião, no final do 
Canto X de “Os Lusíadas”: «Fazei, Senhor, que nunca os 
admirados/ Alemães,
Galos, Ítalos e Ingleses,/ Possam dizer que são pera 
mandados,/ Mais que pera mandar, os Portugueses.» Ora,
 é 3 precisamente isso que hoje toda a Europa (e não apenas 
os alemães, franceses, italianos e ingleses) pensa dos 
portugueses:
Somos melhores para ser mandados do que para mandar.
Há um ditado japonês de que eu gosto muito porque 
transcreve uma evidência da qual depende o sucesso das 
sociedades e associações: "Quando duas pessoas pensam da 
mesma maneira, uma é dispensável." E o que se constata em 
Portugal é que, salvo raras excepções, quase toda a gente é 
dispensável na medida em que a esmagadora maioria pensa 
como o seu chefe, ou melhor, nem sequer pensa: limita-se a 
reproduzir, como um papagaio o que o chefe diz, ao que se 
pode chamar de psitacismo.
Muitos dos chefes portugueses em todos os orgamismos
 estatais ou não, cientes da sua mediocridade e da sua 
incompetência, odeiam os subordinados inteligentese tentam 
apoucá-los sempre que podem.
Desde o berço, há todo um esforço da sociedade portuguesa
 na formatação do pensamento único, para que ninguém 
ouse dizer, em voz alta, aquilo que todos vêm: o Rei vai nu. 
Como dizia Bertrand Russell, "o problema do mundo de hoje 
é que as cheias de certezas."  É, por isso, absolutamente 
natural que os nossos chefes, cheios de certezas, tenham 
horror às pessoas inteligentes.

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