domingo, 16 de maio de 2021

 

No tempo em que Portugal era apenas uma ilha e D. António I

era o Rei.

O rei de que aqui lhe vamos falar era D. António,

 Prior do Crato, que para muitos historiadores chegou a ser de

 facto rei, apesar de não constar da cronologia oficial dos

nossos reis. Nascido em Lisboa, em 1531, era filho natural do

Infante D. Luís e neto de D.Manuel I, tendo sido um dos

candidatos ao trono de Portugal durante a crise sucessória de

1580, após a morte de D. Sebastião.

Ficou conhecido pelo cognome de Prior do Crato, sendo

também chamado de o Determinado, o Lutador ou o

 Independentista,  pela ênfase que pôs no recobro da

independência portuguesa.

Segundo alguns historiadores, D. António foi aclamado rei

do nosso país e reinou efectivamente, em 1580, embora

por um curto espaço de tempo, ficando depois a sua

autoridade confinada a algumas ilhas dos Açores até 1583.

 No entanto, não consta da lista dos Reis de Portugal, e em

geral é considerado apenas um candidato ao trono.

A verdade é que, a 24 de Julho de 1580, em preparação para

a esperada invasão espanhola,D. António foi aclamado rei

de Portugal pelo povo no castelo de Santarém. Diz-se que

D.António apenas pediu para ser declarado regente e defensor

do reino, mas que o entusiasmo do povo o entronou.

Acabou por ser aclamado em Lisboa, Setúbal e outros locais.

No entanto, a 25 de Agosto do mesmo ano, as suas forças são

 derrotadas na batalha de Alcântara, pelo duque de Alba.

D. António sobreviveu ao combate e fugiu para Norte, com

as tropas de Sancho de Ávila apersegui-lo até Viana do Castelo.

 De Novembro de 1580 até Maio do ano seguinte, D:António

 irá viver escondido, abrigando-se em mosteiros e em casas

 de partidários devotos.

Sabe-se que de Junho a Setembro de 1581 esteve em

 Inglaterra, procurando o auxílio militar de D. Isabel I (que

 não lho concede) e que parte de seguida para França, onde

encontra ajuda.

Volta assim, em 1582, a Portugal, mais concretamente à ilha

 Terceira, nos Açores, que estava do seu lado, local onde

continuou a governar, embora apenas localmente, já que em

Portugal continental e na Madeira o poder era exercido por

Filipe II de Espanha, reconhecido pelas Cortes de Tomar de

1581 como Filipe I de Portugal.

D. António, desembarcado na vila de São Sebastião, marchou

por terra até aos portões de São Bento, nesta cidade, onde era

 esperado por Ciprião Figueiredo, pelo conde de Torres

Vedras, por Manuel Silva e por outras personalidades locais.

Provade que a ilha lhe era leal foi o facto de as fortificações

 de Angra terem salvado à chegada de D. António.

Este ficou hospedado no Convento de São Francisco, e mais

 tarde, no palácio do marquês de Castelo Rodrigo. Sabe-se

que visitou a baía da Salga e a baía da Praia (a actual Praia da

Vitória), e que frequentou o Convento da Esperança, sendo

 apoiado por estas religiosas.

D. António concentrou-se em reforçar as defesas de Angra,

com um ataque espanhol iminente e para se defender da

acção de corsários, contando para tal com a ajuda financeira

de Dona Violante do Canto.

No que toca a Finanças, mandou cunhar moeda, acto de

soberania e realeza, sendo essa a razão pela qual é

considerado por muitos como um rei de facto e o derradeiro

príncipe da Casa de Avis, ao invés do Cardeal D. Henrique.

Em Julho de 1583, D: António tinha já escrito à rainha de

 França, Catarina de Médici, a pedir auxílio, que nunca chegou.

 Em 1581, regista-se a primeira tentativa de desembarque

de tropas espanholas, na batalha da Salga, onde a Espanha

foi derrotada. Como curiosidade, neste combate participaram

 os escritores Cervantes e Lope de Veja.

Apesar da vitória, as forças de D. António foram finalmente

 derrotadas, e D. Antónioinstalou-se na França, inimigo

tradicional dos Habsburgos de Espanha.

Em 1583, já D. António tinha partido para o exílio, forças

espanholas sob o comando de D.Álvaro de Bazán dominaram

 finalmente a ilha Terceira, após violentos combates.

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